Oceanos

Chile cria novos parques marinhos

Novas áreas protegidas são maiores que o território chileno
<p>Chile terá área marinha protegida de 1,8 milhão de quilômetros quadrados (imagem: <a href="https://www.flickr.com/photos/nrgiraldez/14060434501/in/photolist-nqtpjv-yQ6CQi-z8rh4D-2ddsbxS-PaNjtn-PwLn3z-2awmHny-rZKnBQ-PwLmfc-2ddsPN3-2awmJDS-2ddsQGY-2bUmvGe-2awmKUh-2bUmrtK-KmqGUD-C62n48-Ji2DVd-KFozgZ-KBg86S-A7YKfX-B52z9p-AiAqNC-JNA3U7-KKqp53-xK4zna-xHzutf-Kt2689-KrXfED-wL5KCV-D5biZV-KKqqH3-KrXfSn-JXxWyb-KbBdhN-KahFWW-ohzops-D58Te6-JC2GFP-Kxnrpb-uJyN3R-KumNAt-EA7By3-KsMXA1-26WtEpL-w1jgmb-Ra8t8f-2ddscyQ-2ddscZj-Ra8sHN">Nico Giraldez</a>)</p>

Chile terá área marinha protegida de 1,8 milhão de quilômetros quadrados (imagem: Nico Giraldez)

O Chile terá uma área marinha protegida de 1,8 milhão de quilômetros quadrados em 2018, depois da criação das Áreas Marinhas Protegidas (AMP) de Rapa Nui, Juan Fernández e Cabo de Hornos.

O anúncio foi feito pela presidente do Chile, Michelle Bachelet, durante o durante o 4º Congresso Internacional de Áreas Marinhas Protegidas (IMPAC 4), encerrado na última semana na cidade costeira chilena de Viña del Mar.

“Vamos ter mais áreas marinhas protegidas que território no continente”, disse um entusiasmado ministro das Relações Exteriores do Chile, Heraldo Muñoz, ao comentar a criação da Rede de Áreas Marinhas de Magalhães formadas pelas três novas AMPs com as duas já existentes.

As AMPs são perímetros geograficamente definidos, regulados e administrados com o objetivo de preservação constituindo um refúgio para a biodiversidade ao resguardar os ecossistemas e permitir a reprodução das espécies marinhas. As AMPs funcionam ainda como um laboratório de estudo dos mares que sofrem os efeitos das mudanças climáticas e da ação dos homens.

“O parque tem grande valor para ciência porque permitirá, além de proteger o arquipélago mais austral do continente americano, proteger e investigar montes submarinos ainda poucos explorados e que têm formação com mais de quatro mil metros de altitude com cumes que estão a apenas algumas dezenas de metros de profundidade”, afirma Francisco Squeo, investigador do Instituto de Ecologia e Biodiversidade do Chile. “Nesses montes, foram encontradas espécies de coral de 12.500 anos de antiguidade, registros chave para entender as mudanças climáticas”.

O novo Parque Marinho Cabo de Hornos, na região de Magalhães e da Antártica Chilena, também é considerado de extrema importância pelos cientistas porque é onde se realiza o monitoramento permanente de variáveis climáticas e biológicas. O resultado é que a área foi incorporada às redes nacional e internacional de Lugares de Estudos Ecológicos de Longo Prazo e fez com que a UNESCO declarara, em 2005, Reserva Mundial de Biosfera todo território que fica entre o Canal de Beagle e o Cabo de Hornos.

“A criação de uma área de proteção ambiental é algo pelo qual lutamos há anos”, disse Liesbeth van der Meer, disse a diretora executiva da organização não-governamental Oceana Chile. Ela acrescentou ser impossível manter uma área de proteção ambiental ser a participação ativa da comunidade, neste caso da comunidade de La Higuera durante todo o processo.

Próximos passos

Os ambientalistas estão agora focados na implementação das novas AMPs.

“A gestão é fundamental. Não queremos parque de papel. Existem enormes desafios de compliance e cumprimento de leis de AMPs de grande escala quando se está longe delas”, disse Aulani Wilhelm, vice-presidente sênior do Centro Internacional para Conservação dos Oceanos.

“A gestão não é sobre a natureza, é sobre as pessoas. Temos que fazer esse vínculo estratégico”, recomendou Wilhelm.

Segundo ela, existem hoje 30 áreas protegidas em 14 países, que cobrem 21,3 milhões de quilômetros quadrados, o que equivale a 6% do total da superfície marinha.

O aumento das áreas marinhas protegidas do Chile interessa é muito a China por ser o país asiático um dos maiores importadores de peixes e frutos do mar chileno. A China é o terceiro maior comprador de frutos do mar e, entre 2010 e 2015, houve um aumento significativo das exportações de frutos do mar do Chile para China saltando de US$ 1,4 bilhão para US$ 8,7 bilhões, liderado pelo salmão do Atlântico.

“No ano passado, o Chile foi o oitavo exportador de frutos do mar para China”, disse o embaixador do Chile na China, Jorge Heine, em 2016. “Queremos estar entre os três primeiros até 2020”.